Anfitriões:

Adriano Mercês & Márcia Brito 

Antigo e importante espaço onde funcionava o Café Literário da Chapada - Rio de Contas - BA.


Relato:

Quem foi Maria Brandão dos Reis

Maria Brandão dos Reis (1900-1974)
            

   

"Esta imagem de Maria Brandão dos Reis está no livro MULHERES NEGRAS DO BRASIL, de autoria de Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil, publicado em 2007 por Senac Editoras em parceria com a REDEH (Rede de Desenvolvimento Humano). É a foto nº 526, acompanhada das seguinte informações: "Grande liderança popular na Bahia, militante comunista na década de 1940. Reprodução feita a partir do Calendário Comemorativo dos Cem Anos da Abolição. Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo"

MARIA BRANDÃO - Uma mulher riocontense.Alguns riocontenses perguntarão: Quem foi Maria Brandão? Apesar de não tê-la conhecido pois quando nasci ela já morava em Salvador há muito tempo, lembro-me sempre de ouvir falar dela como exemplo de força e coragem. Conheci sua filha: Dezinha, que faleceu recentemente em nossa cidade onde morava na antiga, porém famosa, "Pensão Brandão".
Tive também um amigo soteropolitano que, ao saber que eu morava em Rio de Contas, quis vir conhecer a terra de Maria Brandão. Perguntei sobre seu interesse e ele relatou que, na época da ditadura, seu pai, um intelectual que lutava contra o sistema, foi preso e sua família só sobreviveu pela ajuda que recebeu de Maria Brandão, que levava, inclusive alimentos para seu sustento, bem como de outras famílias que passavam pelo mesmo problema.
Para termos mais informações sobre esta ilustre riocontense, busquei informações na internet que publico aqui, embora haja algumas incorreções - como dizer que Rio de Contas é uma cidade mineira, com certeza por desconhecimento dos autores sobre a localização e importância da nossa cidade. Perdoemos! Eles não sabiam o que faziam (rsrsrsrs!) O que importa é que eles reconheceram e tornaram público sua admiração por esta valorosa riocontense.

  

Mineira, nascida a 22 de julho de 1900, em Rio das Contas, Maria Brandão dos Reis, segundo os autores, “foi um exemplo de mulher negra envolvida na política”. Impressionou-lhe a passagem da Coluna Prestes, avivando o amor pelo Partido Comunista Brasileiro.
 
Idealista, mudou-se para Salvador como destacada liderança. Abrira uma pensão na Baixa dos Sapateiros, (daí o seu deslocamento pela Rua dos Perdões) onde, além de alimentar e hospedar estudantes, caprichava na instrução política destes “filhos adotivos”, ampliando-os para as questões sociais. Piedosa, ajudava aos necessitados. Em 1947, entrara em ação concreta, quando os moradores do Corta Braço foram ameaçados de perderem as suas casas. Ela os ajudou, organizando-os em uma vigília e vibrante passeata de protesto. Como devotada da paz, engajara na campanha do partido em 1950, encarregando-se da fundação de diversos conselhos em vários municípios. Por sua atitude determinante e incansável, recebeu a indicação de “Campeã da Paz”.
 
O lado dramático desta história registra-se em um desapontamento imperdoável. Segundo os autores, a premiação pelo seu feito e sua convicção pacificadora, deveria ser realizada em Moscou, onde D. Maria Brandão receberia pessoalmente e merecidamente, o reconhecimento pelo seu idealismo, mas por decisão do partido, ela fora substituída por uma “jovem intelectual”. Esta, nem se quer recusara, colaborando com esta desconsideração a uma “senhora negra” de jovens ideias e comprovadas lutas. Mas este fato não passara impune, pois manifestará veementemente a sua revolta frente às lideranças comunistas, registrando para a história desta agremiação política um capitulo menos digno.
 
Veio o golpe militar de 1964, D. Maria mobiliza-se para escapar da prisão, refugiando-se. De volta à Bahia, em 1965, fora alcançada pela polícia e submetida a interrogatório sobre o seu envolvimento com as ideias comunistas. O inquérito não evoluiu, talvez por reconhecê-la com um verdadeiro agente da paz e, que apenas, por sua generosidade, queria um povo feliz, bem alimentado e instruído, conforme demonstram as suas ações naquela pensão, para isso escolhera a política. D. Maria Brandão dos Reis, encerrara a sua atividade em nosso mundo em 1965, aguardando o nosso reconhecimento com o seu nome, quem sabe, nomeando uma das nossas ruas ou na fachada de uma escola.
 
Jaime Sodré - Professor universitário, mestre em História da Arte, doutorando em História Social
Site Jeito Baiano
 

Maria Brandão dos Reis
 
Rio das Contas é o nome da cidade mineira localizada na Chapada Diamantina, onde nasceu, em 22 de julho de 1900, Maria Brandão dos Reis, com um traço sob o último sobrenome, como queria. Mulher dinâmica, militante política das mais ativas, com a viuvez, influenciada pela passagem da Coluna Prestes e o interesse pelo Partido Comunista, transferiu residência para Salvador, onde estabeleceu uma pensão, situada na Baixada do Sapateiro, que foi também o seu reduto de militância. Mulher de visão, oferecia guarida a todos que necessitam de recursos para a sobrevivência imediata, além de livros e bolsas de estudos aos que queriam estudar, mesmo que professassem ideologia diversa.
 
Em março de 1947, apoiou as reivindicações das moradoras do bairro do Corta Braço, ameaçadas de perder suas habitações, organizando vigília noturna e passeata de protesto. Maria Brandão dos Reis teve destacada atuação na "Campanha da Paz", organizada pelo PCB em 1950, tendo contribuído significativamente para a formação de Conselho da Paz em vários municípios. Obteve o prêmio de " Campeã da Paz", que lhe valeu o direito de ir a Moscou receber a Medalha da Paz. Isso, porém, não se deu porque foi preterida por um jovem intelectual, que ali se embriagou e caiu no Rio Volga. Maria Brandão jamais perdoou o Partido Comunista pelo desrespeito e indiferença , declarando: "Sou preta e ignorante, mas esse papelão eu não faria".
 
Escapou da prisão, na revolução de 1964, refugiando-se em Brasília por "aconselhamento espiritual" de Rosinha (Rosa Luxemburgo). Em 1965, retornou á Bahia, onde foi interrogada pela polícia sobre seu envolvimento com os comunistas. Faleceu, em 1974, em Salvador onde ainda hoje vive sua filha Dasinha.
 
Site Negras na História
  
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